Os Bombeiros Voluntários de Joinville prestam, nesta quinta (28.novembro.2019), homenagens a Terezinha de Jesus Gama Fortes, que foi bombeira voluntária no período de 1993 até o ano 2000. Ela morreu nesta ontem, aos 58 anos de idade, no Hospital Governador Celso Ramos, em Florianópolis, vítima de acidente vascular cerebral. A Guarda de Honra do CBVJ acompanhou o velório, na capela do Cemitério São Sebastião, bairro Iririú. O enterro está previsto par as 16h30. Era enfermeira aposentada e deixa marido.
Terezinha Fortes, funcionária do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, viveu o período da mais profunda remodelação do CBVJ, desencadeado em 1992 em decorrência do centenário. Ela foi a primeira mulher atuar como bombeira voluntária operacional, na condição de socorrista, quando foi criado o Grupamento de Resgate — o que vem a ser, atualmente, o atendimento pré-hospitalar. “Ela quebrou um paradigma”, afirma o comandante Carlos Kelm, um dos protagonistas do período de transformações dos bombeiros voluntários.
Kelm recorda que havia resistência da cadeia de comando da época — o posto maior era ocupado por Arthur Zietz — tanto pela adesão de mulheres no operacional dos bombeiros quanto a diversificação da atividade, que seria o socorro às vítimas de acidentes. Até então, os bombeiros voluntários atuavam somente em combates ao fogo, prevenção a incêndios e resgate aquático. Ele entrou na corporação justamente no ano do centenário e se recorda quando a corporação recebeu três veículos para serem utilizados como ambulância — modelos Caravan, Traffic e Besta — e o serviço de resgate “tomou vulto”. “Terezinha era enfermeira e, juntamente com o médico Marcos Martins, foi responsável pelo treinamento dos socorristas e pela evolução desse serviço”, conta. Hoje, o atendimento pré-hospitalar responde por 65% dos chamados ao 193 em Joinville.
“Teresinha Fortes, o nome já diz tudo: forte na personalidade; forte no profissionalismo, forte no combate à desigualdade, forte na amizade, forte na luta por reconhecimento da mulher no trabalho operacional,” escreveu o bombeiro voluntário desde 1990, Vladimir Costa, e que conviveu com a socorrista na lendária Equipe Panteras, os pioneiros no atendimento pré-hospitalar do CBVJ. Ele conta que Teresinha era querida por todos, aguerrida, cheia de sonhos, “sonhos que a fez ser uma precursora do trabalho feminino no sistema de resgate e atendimento pré-hospitalar em Santa Catarina pela corporação de Bombeiros Voluntário de Joinville.”
Os laços de amizade foram além dos muros da corporação e as lembranças, além da memória, estão nos álbuns de fotografias. Ele guarda com o mesmo carinho fotos de Terezinha com a sua filha, Ronise Costa, então com 2 anos, trajando o uniforme do Bombeiro Mirim, se preparando para um desfile.
(Fotos: Acervo pessoal de Vladimir Costa)