Desde o dia 28 de dezembro passado, a cada 36 horas, Ana Paula Bail, 42 anos, chega na Unidade Central dos Bombeiros Voluntários de Joinville com uma missão diferente da que exerceu durante os últimos oito anos: coordenar 30 pessoas da equipe Delta na escala operacional das 6h30 às 18h30.
Bombeira e socorrista, ela faz história na mais antiga corporação de bombeiros voluntários do Brasil
São homens e mulheres em diferentes funções e que precisam estar prontos para atender a população da maior cidade do Estado – 616.317 habitantes, segundo censo 2023 do IBGE – em casos de urgências e emergências. Outro número superlativo: são 26,48 chamados por dia, em média, aponta o balanço operacional de 2023.
Além de fazer história como a primeira mulher a assumir a coordenação de uma equipe efetiva nos 131 anos de existência da corporação, Ana Paula enfrenta desafios a cada jornada. O maior deles, diz, é manter o equilíbrio na relação entre atendimento às ocorrências, o bem-estar da equipe e as necessidades da sociedade em si. “A equipe precisa estar preparada tecnicamente, ter harmonia e estar pronta para as saídas. Eu preciso conhecê-los, ter confiança e dar este suporte”, resume.
A capacitação para conquistar o cargo e desempenhar a função ela adquiriu a cada escala operacional desde 2014, quando entrou na corporação como socorrista. Natural de Brasília (DF), ela chegou a Joinville com o marido Cleber e o filho Alexandre, em 2004. Logo se firmou no mercado de trabalho como bombeira civil e industrial – tem passagens pela Ciser, Tigre e Shopping Garten Joinville, por exemplo. Paralelo ao trabalho, ainda fez o curso de técnico em enfermagem, estagiando no Hospital Municipal São José, referência em traumatologia na região Norte e Nordeste de SC.
Ela conta que o “chamado” para servir à comunidade como socorrista nos Bombeiros Voluntários de Joinville veio de uma quase tragédia: o filho Alexandre sofreu atropelamento e foi socorrido pelo bombeiro voluntário Arnoldo Boege, hoje seu colega de jornada. “Aquele incidente despertou o amor pela corporação. Já fazia o curso de enfermagem, busquei a corporação, fiz teste e logo depois fui admitida,” recorda.
O sentimento de amor e voluntariado contagiou a família. O marido fez o curso de preparação para motorista de veículo de emergência; o filho Alexandre passou pelo Programa Bombeiro Mirim e Banda até ingressar no 62º Batalhão de Infantaria e; o caçula, nascido em Joinville, Cloves, acompanhou a mãe também ingressando nos Bombeiros Mirins e hoje está integrado às escalas operacionais como voluntário.