A diretoria da Associação Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville apresentou o projeto de revitalização do Colégio Conselheiro Mafra para o grupo empresarial Movimento 47 (MOV47) nesta quarta (31 de outubro). As instalações do antigo colégio foram cedidas para a entidade por meio de projeto de lei aprovado na Câmara de Vereadores no ano passado. A recuperação do prédio, desativado desde 2012, tem um custo de R$ 3 milhões e deve abrigar a escola do Programa Bombeiro Mirim.
Projeto de aproveitamento do Conselheiro Mafra, para abrigar a escola do Programa Bombeiro Mirim, foi apresentado para o grupo empresarial Movimento 47
Segundo o presidente da Associação, Moacir Thomazi, as obras devem iniciar ainda este ano. Para tanto, há comprometimento de senadores catarinenses e deputados estaduais em destinar emendas impositivas para custear a restauração. Ao grupo de empresários, a diretoria solicitou apoio para mobiliário e equipamentos. “Quando instalarmos a escola do Programa Bombeiro Mirim no novo espaço, nossa intenção é dobrar a capacidade de atendimento às crianças e adolescentes”, disse – hoje, o Programa atende 200 alunos.
O presidente do MOV47, Diogo Otero, destacou a importância histórica do Colégio Conselheiro Mafra – inaugurado no dia 15 de novembro de 1911, foi o primeiro grupo escolar implantado no Estado de Santa Catarina – e a responsabilidade social em contribuir com a sua restauração e restituição à comunidade. “O MOV47 é um grupo de empresários, de empreendedores, de amigos que acreditam na sociedade joinvilense. A gente acredita que a temos a obrigação de ajudar continuar sua história bonita que foi criada lá atrás”, disse, referindo ao colégio. “Não tenha a menor dúvida que a nossa missão na continuidade. Deixo a minha palavra e a do MOV: contem conosco”, disse à diretoria dos Bombeiros Voluntários.
Projeção – Como as instalações do Conselheiro Mafra é tombado pelo patrimônio histórico municipal desde 2004, o projeto de restauração precisou ser aprovado na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo. A restauração dos 1.039 metros quadrados prevê a abertura de salas para atividades administrativas, outras nove salas de aula, refeitório, além de banheiros, depósitos, estacionamento e paisagismo. No pavimento superior, uma área de 279m2, será recuperado o auditório.
Sobre o Colégio Conselheiro Mafra – Inaugurado no dia 15 de novembro de 1911, o primeiro grupo escolar implantado no Estado de Santa Catarina constituiu-se em uma homenagem a Manuel da Silva Mafra, que havia sido deputado e ministro da justiça no período imperial e, como jurista, no início do século 20, defendeu o Estado de Santa Catarina nas disputas territoriais com o Estado do Paraná na chamada “Questão do Contestado”. O grupo serviu de “modelo” para a instalação de outras unidades semelhantes no Estado.
O “Conselheiro Mafra” tem suas origens na antiga Escola do Padre Carlos Boeghershausen, que veio para o Brasil logo após sua ordenação, em 1857, contratado pela Sociedade Colonizadora de Hamburgo, para ser o primeiro vigário católico da Colônia Dona Francisca.
De acordo com a historiadora Iara Andrade Costa, a Escola do Padre Carlos funcionou 22 anos em vários lugares, inclusive na casa de moradores, até que finalmente em 1880 foi definido um local definitivo e seguro para a educação das crianças. A construção foi concluída em 1898.
Em 1906, com a morte de Padre Carlos, o professor Orestes Guimarães foi contratado pela superintendência municipal para inaugurar e dirigir, por dois anos, o “Collegio Municipal de Joinville”. As aulas iniciaram em 6 de abril de 1907, com 348 alunos, com aulas das 9h às 14h30. O professor reorganizou a escola e, em 1908, as novas regras estabeleciam que o ensino seria realizado “em quatro classes para cada sexo; a seção feminina regida por professoras e, a masculina, por professores; cada classe teria entre 15 e 45 alunos.
Foi neste contexto que o governo estadual também resolveu contratar os serviços do professor paulista Orestes Guimarães, “na condição de Inspetor Geral da Instrução […] para dar nova organização ao ensino público primário do Estado.” Além das mudanças no modelo de ensino, também o nome da escola foi alterado quando o Estado assumiu a sua gestão, em 1911.
Em novembro de 1936 ocorreu a mudança para unidade construída na rua Conselheiro Mafra, 70. O setor mais antigo da escola, formado por seis alas de edificações, foi tombado pelo patrimônio histórico municipal em 2004. Após várias interdições pela vigilância sanitária, a escola foi definitivamente desativada em 2012.