No dia 16 de dezembro, o bombeiro voluntário André Pisok de Lima, deixou o ofício de professor e comerciante de lado, vestiu seu uniforme vermelho e saiu para mais um trabalho. Desta vez, o endereço não era o Corpo de Bombeiros Voluntários, mas a casa localizada na rua Rosa Horstmann, 55, quadra B, lote 13, bairro Morro do Meio.
Ao invés dos tradicionais acessórios de bombeiro, André carregava arroz, feijão, macarrão, molho, bolas, carinhos, bonecas, jogos de xícara de brinquedo, jogos de montar, material escolar, entre outros. Ele estava ali para atender uma carta endereçada ao Papai Noel escrita por Hagata Moreira, 11 anos.
Quis o acaso de um dos diversos bilhetes escritos pela menina e deixados em pontos diferentes da cidade parasse em frente ao seu endereço comercial, na rua Graciosa, bairro Guanabara.
Hagata Moreira e outros oito, dos 11 irmãos, são filhos da zeladora Tereza Nunes Correa, morta por um tiro acidental disparado por arma de uma vigilante, no banco Itaú, em fevereiro de 2011. Tereza, então com 43 anos, trabalhava havia três meses na agência bancária. Hoje a família vive com a renda de R$ 700 por mês do pai, Lázaro, oriunda da catação e separação de material descartável.
Fazer o bem
“Papai Noel, estou escrevendo esta carta para, se possível, possa realizar meu sonho de Natal (…)”. O sonho eram alguns presentes para ela e outros oito irmãos que moram na mesma casa, além de comida e material escolar. “O meu coração se desmanchou”, resumiu André ao recordar a história.
Para conseguir os mantimentos, materiais escolares e brinquedos, André recorreu a amigos e familiares, alguns até de São Paulo, onde residia até se mudar para Joinville. O filho Marcelo, 6 anos, também separou alguns brinquedos para levar para os irmãos de Hagata.
“O que vai ficar para sempre, em mim, é o choro de alegria dos pequenos quando cheguei com os brinquedos e alimentos”, diz André. Segundo ele, a família terá um Natal diferente, com presentes que foram doados de coração, ao invés dos recolhidos entre os materiais descartados que o pai recolhe pelas ruas. “Vivi um dia de Papai Noel”.