Primeiro o motorista, depois o demandante e, por fim, os quatro bombeiros voluntários que integram a guarnição. Um a um tomaram seus lugares na unidade de combate a incêndio e resgate e deixam a Unidade 10 – Aventureiro. Mas, desta vez, a ocorrência não tem nada a ver com incêndio, atendimento pré-hospitalar ou outro pedido de socorro da comunidade. O destino da equipe, neste domingo (19.maio) ao meio-dia foi à residência do casal Dorival e Ângela Travasso. O motivo, um almoço de agradecimento e celebração da amizade.
“Se hoje estou bem, foi graças a eles, ao atendimento que recebi”, contou Dorival, 70 anos, logo que os bombeiros chegam à porta da casa. Com fala mansa, olhos cheios de alegria, ele recorda a data de 10 de março deste ano, quando caiu de uma escada, a uma altura aproximada de três metros, quando tentava subir no telhado para consertar o boiler do sistema de aquecimento solar. A história é cheira de detalhes. “Eram 8 horas da manhã. Sei exatamente o horário porque iríamos à missa das 9h. Caí e em dois minutos os bombeiros voluntários já estavam aqui. Cuidaram com tanto zelo, me senti paparicado,” brinca.
O primeiro atendimento a Dorival foi prestado pelos bombeiros Geraldo Sauerbeck, Fernando Salvador, Julia Marques, Felipe Braun e Jonas Nascimento — o único que não pode comparecer à confraternização deste domingo. Com fratura no colo do fêmur, o aposentado passou por cirurgia no Hospital Municipal São José e teve alta médica dois dias depois. “O atendimento que recebi foi maravilhoso. Eu e minha família ficamos agradecidos”, repetia durante o encontro.
O casal fez questão que o almoço em agradecimento fosse especial. No cardápio, marreco recheado. E não foi coincidência que o prato era o mesmo que estava no forno no dia do acidente. “Os bombeiros comentaram o cheiro gostoso da comida. Eu prometi que, assim que estivesse bom, faria o convite para voltarem à minha casa e almoçar conosco”, recordou. “Estamos honrados. Nosso desejo é de que a comunidade veja nosso trabalho e se sinta segura”, disse o coordenador voluntário da Unidade 10, Renato Rodrigues Nascimento.
Os bombeiros que prestaram socorro ao aposentado, em março, estavam particularmente emocionados. “Sou honrada por fazer parte da corporação e sinto muita gratidão pelas pessoas”, disse Julia Marques. Ela entrou no CBVJ por meio do Programa Bombeiro Mirim e lá ficou por cinco anos. No ano passado, assim que fez 18 anos, fez o curso de formação de bombeiro e hoje cumpre escalas na Zona Leste. “Por meio dos bombeiros é que cheguei ao curso técnico em enfermagem”, conta.
Fernando Salvador, também um dos bombeiros voluntários “caçulas” da Unidade 10, era o demandante da guarnição no atendimento ao morador do bairro Aventureiro. “É um privilégio retornar a casa do seu Dorival e receber o agradecimento,” disse. “A alegria maior é por ter feito o trabalho com qualidade e hoje ele está perfeitamente recuperado.”
Amigos
A ligação de Dorival com os bombeiros voluntários é antiga. Ele contribui com a manutenção da corporação há mais de quarenta anos. Quando trabalhava na antiga Consul o valor era descontado da folha de pagamento, recordou; o tempo passou, ele fez faculdade de pedagogia, curso técnico em metalurgia e foi trabalhar na empresa Tupy, época em que a contribuição passou a ser feita por meio da conta de energia. “É importante que a comunidade saiba que pode colaborar para manter os bombeiros voluntários. Essa informação precisa ser divulgada”, recomenda.
Para tornar o momento com os bombeiros ainda mais especial, Dorival e Ângela convidaram os filhos, Nereu e Deise; os netos Sabrina e Jean; além dos vizinhos Manoel e Josina de Quadros; Dolores Amâncio Unulino e o seu filho, Isac. “Este momento é também para celebrar a amizade, cultivar as relações com os vizinhos e conversas com os mais próximos, tão raro hoje quando vemos o celular, a internet e aplicativos afastarem as pessoas”, lembrou.