CBVJ forma equipe de busca e salvamento em estruturas colapsadas

Bombeiros voluntários e instrutores do 1⁰ Curso Internacional de BREC – nível médio foram às lágrimas na cerimônia de encerramento e entrega de certificados, realizada sábado no auditório do Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville (CBVJ). A emoção tomou conta da recém-formada equipe de busca e salvamento em estruturas colapsadas por conta dos agradecimentos dos instrutores e reconhecimento da dedicação e superação de cada um.

O 1⁰ Curso Internacional de BREC foi realizado de 10 a 14 de setembro com a participação de 16 bombeiros voluntários por meio de intercâmbio do CBVJ com a Federação de Resgate da Venezuela e a Escola de Bombeiros do Texas. Durante 50 horas, e em três locações, receberam aulas teóricas e práticas sobre sistema de comando em incidentes; segurança; técnicas de elevação, deslizamento e estabilização de cargas; técnicas de rompimento e penetração em diferentes superfícies; marcações em ambientes internos e externos, entre outros.

Na cerimônia de entrega dos certificados, Piracy Armando (à esq.), José Anibal Pereira, o comandante Jaekel Souza e o instrutor German Antonio Reques Espinoza

Segundo o comandante do CBVJ, Jaekel Souza, o curso de BREC capacita o corpo de bombeiros a atuar nas diversas situações de emergências que envolvem estruturas fragilizadas. Para ele, ter essa equipe coloca a corporação de Joinville em uma posição de destaque no Estado. “Faz com que Santa Catarina tenha bombeiros disponíveis para atuar em situações de colapsados em outras regiões”.

Já o líder da equipe de BREC, Piracy Armando, garante que o grupo do CBVJ, integrado pelos 16 que fizeram este curso e outros que já tinham a especialidade graças a instruções fora de Joinville e Brasil, está preparado para dar resposta a qualquer evento que envolva busca e resgate que envolva vítimas em estruturas colapsadas. “Os nossos bombeiros são excepcionais. A capacidade de aprendizado, de absorção de conhecimento nos dá a certeza de que preparamos uma equipe qualificada para emergências reais de estruturas colapsadas.”

Avaliação

O instrutor José Anibal Pereira, chefe da equipe de resgate Eder dos bombeiros de Caracas e instrutor voluntário no curso de colapsados na Escola de Bombeiros do Texas, disse que ficou admirado com a estrutura do CBVJ, superior a muitas corporações que já visitou na América Latina. Ele destacou a importância das parcerias com a comunidade e a força do voluntariado.

Na cerimônia de entrega dos certificados, Anibal Pereira fez questão de ressaltar sua surpresa com a dedicação da equipe escalada para o treinamento e elogiou as qualidades e habilidades de cada um.

Os certificados foram entregues pelo instrutor José Anibal Pereira; comandante Jaekel Souza; Romeu Dressel, bombeiro voluntário com 60 anos de contribuição ao CBVJ; Marcio Baumrucker, chefe da Equipe Tradição; e Valmor Maliceski, ex-comandante da corporação e membro nato na diretoria da Associação Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville.

Parceria

Flavionei e o cão Bethowen

O exercício simulado de avaliação da equipe de BREC, realizado na sexta (14) iniciou por voltas das 9h e só encerrou às 17h30. O grupo, dividido em duas equipes, precisou localizar, retirar e embarcar na ambulância seis “vítimas” de uma estrutura colapsada utilizando todas as técnicas aprendidas. Na tarefa tiveram o apoio do cão Bethowen, um labrador de sete anos, guiado pelo bombeiro voluntário Flavionei de Braga, integrado há 26 anos no CBVJ e também membro da Associação Voluntária de Busca e Resgate com Cães (AVBREC), entidade que atua em parceria com o Corpo de Bombeiros.

O trabalho da dupla não é novidade. Juntos atuaram na busca de vítimas em um rompimento de barragem, no Mato Grosso do Sul e, em Joinville, no desabamento da laje da empresa FGM Produtos Odontológicos, em 2016.

Segundo Flavionei, o aspecto mais importante da BREC foi aliar o conhecimento que já possuía de localização de vítimas com cão às técnicas de remoção e deslocamento de carga, penetração em ambiente fragilizado. “O trabalho será mais refinado”, concluiu.

Bombeiro voluntário Tiago Cota

Liderança

Assim como Flavionei, o bombeiro voluntário Tiago Cota foi indicado pela equipe, na véspera do simulado, para ser um dos coordenadores da operação de resgate no teste final do curso. Para ele tão importante quanto o conhecimento e o uso correto das técnicas é o espírito de equipe. “Sem ele não é possível fazer este tipo de salvamento”.

Para Cota, que tem 23 anos de serviços no CBVJ, além do fortalecimento do censo de cooperação, outro legado da BREC é o conhecimento em segurança e logística que será possível utilizar em ocorrências de toda a natureza.

Presença feminina

Bombeira Maria Begair Gomes

O peso dos equipamentos, as hora seguidas de exercícios práticos, o ambiente desconfortável não intimidaram Maria Begair Gomes, a Bega, bombeira da equipe Charlie há 18 anos. Única mulher do grupo, ela mereceu o reconhecimento do instrutor José Anibal Pereira. “Foi pesado, cansativo, um desafio”, disse ela durante a avaliação. “É mais uma etapa que eu supero na corporação.”

Desafios fazem parte da rotina da bombeira Bega. Tão exaustivo quanto a BREC ela diz que foi o curso de Formação Técnica de Bombeiro de Aeródromo (FTBA- 2010) que ela frequentou por 30 dias para atuar na sessão do CBVJ no aeroporto de Joinville.

Orgulhosa pelo desempenho, Bega diz que o maior obstáculo ainda é a necessidade de apresentar sempre o melhor desempenho para ter o reconhecimento. “Sinto que preciso mostrar o dobro do conhecimento, da qualidade do trabalho”.

Sobre a BREC, a bombeira assegura que está mais preparada e gostaria de ver outras colegas enfrentando o desafio. “As mulheres ainda desconhecem a sua grandiosidade. Precisam descobrir a força que tem!” Sobre o treinamento, ela manda um recado para os próximos candidatos: “Não pode ter frescura.”

• Os instrutores do curso de BREC em Joinville

Piracy Armando: bombeiro voluntário na corporação de Joinville há 21 anos onde atua também como coordenador e instrutor de cursos de combate a incêndio, produtos perigosos, resgate veicular e colapsados. Na Escola de Bombeiros do Texas, onde participa há 17 anos – é o segundo instrutor mais antigo do Brasil –, responde pela instrução contra incêndio para os bombeiros municipais.

José Anibal Pereira: chefe da equipe Eder dos bombeiros de Caracas e instrutor voluntário no curso de colapsados na Escola de Bombeiros do Texas.

German Antonio Reques Espinoza: resgatista e bombeiro em Caracas.

• Os participantes

Marcelo Gonçalves Mota
Renato Rodrigues Nascimento
Flavionei de Braga
Eduardo Meyer Miranda Rosskamp
Tiago Indalencio Cota
Phelippe Caliri Almeida
Alex Eduardo Mafra
Daniel Ramos dos Santos da Paz
Edvaldo Gonçalves Pereira
Jean Fellipe Venske
Alessandro Pschisky
Flavio Lins dos Santos
Maria Begair Gomes
Levi da Silva Ferreira
João Jacir Graciki Junior
Sandro Marielo Boiko

• Os auxiliares

Piracy U. Pereira Armando
Ricardo Vitorino de Souza
Jackson Roberto Jasper
Luciano Favarin
Sidney dos Santos Teixeira
Rafael da Silva Iaguczeski
Fabio José Dantas de Melo
Jaekel Antonio de Souza
Luiz Roberto Barbosa
Clailton Ramos dos Santos