Três bombeiros socorristas do Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville (CBVJ) estão entre os homenageados pela Assembleia Legislativa em comemoração ao “Dia Estadual do Socorrista Emergencista”. O certificado será entregue para Jackson Aurélio Anzini, Flavionei de Braga e Valdinei Valdir de Borba. A cerimônia será realizada segunda-feira (9/10), às 19 horas, na Assembleia Legislativa.
Serão homenageados profissionais indicados pelo Exército Brasileiro (14ªBrigada), Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros Militar, Polícia Civil, Defesa Civil, Samu e Bombeiros Voluntários.
Para as homenagens foram selecionados três eventos de maior repercussão na última década, reconhecidos como grandes tragédias ocorridas em Santa Catarina:
– Deslizamento do Morro do Baú (22/11/2008): 135 mortos;
– Acidente rodoviário na Serra Dona Francisca (14/3/2015): 51 mortos;
– Tornado na região de Xanxerê (22/4/2015): 2 mortos e 6 mil desabrigados.
A justificativa da Alesc aponta que “em cada um desses eventos houve participação ativa de instituições públicas na cena da ocorrência, prestando resposta imediata e provendo o socorro e o resgate de múltiplas vítimas. Muitos dos profissionais deslocados atuaram diretamente na função de socorrista e emergencista, responsabilizando-se pelo resgate, assistência e salvamento de vidas.”
Os bombeiros de Joinville foram reconhecidos pelo resgate e salvamento das vítimas do acidente rodoviária na SC-301, na altura da serra Dona Francisca.
Quem são
Jackson Aurélio Anzini
“Entrei no bombeiro porque desde criança admiro a profissão e por amor ao próximo.”
Administrador de empresas, Anzini é bombeiro voluntário desde 2011 e socorrista desde 2012, especializado também em resgate técnico vertical (altura) e aquaviário.
No sábado da tragédia, Anzini estava na escala operacional da Unidade 3 – Itaum. Quando a guarnição foi chamada, às 17h30, estava prestes a encerrar o plantão de 12 horas (iniciado às 6h30).
As informações da Central de Emergência, durante o deslocamento, já indicava a dimensão do acidente, com pelo menos 30 vítimas. Na cena da ocorrência ouviu os gritos de uma criança chamando pela sua mãe: “mama, mama.” Com a ajuda do colega Flavionei de Braga conseguiu liberar os membros inferiores da criança, presos entre outras vítimas. Apesar de resgatada com vida, morreu mais tarde no Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante de Faria.
A equipe de Anzini trabalhou no resgate até às 23h. “Vi cenas que jamais esquecerei”, recorda. “Fico grato pelo reconhecimento, porém esta é uma homenagem que preferiria não receber, pois seria melhor que tragédias como essa não acontecessem.”
Flavionei de Braga
“Sempre admirei a profissão de bombeiro. Ingressei na corporação influenciado por um primo.”
Flavionei é bombeiro na corporação de Joinville desde 1992 – os quatro primeiros anos como voluntário – e há 16 anos atua como socorrista.
Sobre a tragédia de março de 2015, ele recorda que a guarnição onde estava foi a primeira a chegar ao local do acidente. Eram muitas pessoas presas entre as ferragens do ônibus e agonizando. Um das primeiras ações foi atualizar a Central de Emergência sobre a gravidade da ocorrência para que pudesse pedir apoio.
Ele também se lembra da criança gritando pela mãe, que foi removida das ferragens e entregue para os socorristas do Samu. Com o passar das horas, enfrentavam novas situações: a pouca luminosidade prejudicava o resgate e os gemidos iam diminuindo, sinal de que as vítimas não resistiam aos ferimentos.
“Para mim, nenhuma tragédia foi tão grande”, diz. “Depois de encerrar o resgate o que me restou foi ir para casa e abraçar os filhos.”
Valdinei Valdir de Borba
“Desde criança tive o sonho de conhecer a corporação e me tornar bombeiro.”
Valdinei ingressou no CBVJ em 1995 como voluntário, orientado pelo subcomandante Ademar Max Stuewe. Em junho de 2001 foi efetivado, desde então atuando como socorrista.
Do dia da tragédia, Valdinei recorda que as poucas informações sobre quantos passageiros estavam no ônibus, a situação da cena e se havia sobreviventes tornou o resgate mais difícil.
A guarnição da qual Valdinei fazia parte trabalhou no resgate até às 3h da madrugada. “Retiramos oito vítimas com vida e 51 pessoas mortas”, recorda. “Nos meus 18 anos de profissão, essa foi a ocorrência com o maior número de vítimas, a ocorrência que mais mobilizou bombeiros de Joinville e região”.