“Juro cumprir com os deveres assumidos como bombeiro, sem distinção para com a pessoa que necessite os meus serviços (…)”. O juramento dos Bombeiros Voluntários de Joinville foi oficializado, e repetido solenemente, na noite de 13 de julho de 1892, por um grupo de 37 “soldados do fogo” reunido no salão do Berner. Pesava sobre eles os anseios dos 18 mil habitantes de uma cidade com apenas 41 anos de existência.
Passados 126 anos desde aquela data, o mesmo propósito move homens e mulheres que carregam o número “01” no ombro esquerdo do uniforme vermelho. Os 583 mil habitantes da ex-colônia Dona Francisca, hoje a cidade mais populosa do Estado, depositam nos 1.700 bombeiros voluntários sua fé e esperança quando a vida ou o patrimônio estão em risco.
A dedicação, a solidariedade e as ações pelo bem praticadas pelos bombeiros voluntários durante as 24 horas dos seus 46 mil dias de existência da corporação foram reconhecidos pelo Observatório Internacional de Direitos Humanos (OIDH), entidade com base em Portugal e apoiada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Por meio Departamento Internacional de Bombeiros de Apoio à Paz Mundial, atribuiu ao Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville o título honorífico “Núcleo de Bombeiros de Promoção da Paz”.
A atribuição do título ocorreu em julho, mas a entrega do certificado ocorreu nesta quarta (21), em cerimônia na corporação, pelo vice-reitor da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) – entidade que sedia a Embaixada dos Direitos Humanos ao Serviço da Humanidade do OIDH para o Brasil e América Latina -, Leandro Zvirtes, e pela coordenadora-geral, a professora doutora Jurema Iara Reis Belli. Em seu discurso, Zvirtes ressaltou o valor do voluntariado e da vocação para o bem, a essência da atividade bombeiril. “Todos queremos um mundo menos violento e mais solidário. Está na alma dos bombeiros fazer o bem”, disse.
“Essa honraria ganha ainda mais importância porque foi espontânea. A escolha partiu do Conselho do Núcleo da Promoção da Paz”, disse Moacir Thomazi, presidente da Associação Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville. “O mérito é dos voluntários e da sociedade que ajuda a manter esta instituição”, disse, referindo-se aos 35 mil joinvilenses que contribuem mensalmente por meio da conta de energia elétrica.
O prefeito Udo Döhler destacou que o voluntariado é sustentado pelos pilares da paz, harmonia e solidariedade. “Quando olho para estas pessoas vejo os que construíram a história de Joinville”, disse emocionado pela presença da Equipe Tradição (bombeiros com mais de 25 anos de voluntariado). O grupo fazia parte do operacional do CBVJ no período em que Döhler foi presidente da Associação (1987-89).
Exemplo a ser seguido
O certificado integra os Bombeiros Voluntários de Joinville à rede mundial de corporações (é eleita apenas uma em cada país) consideradas exemplos em ações para o bem e segurança da humanidade. “A missão e total dedicação a torna numa referência de bem e exemplo a se seguir”, justificou o presidente do Observatório, Luís Eduardo Afonso Andrade.
A distinção levou em consideração, ainda, que o CBVJ é a corporação do gênero mais antiga do País, fundada em 13 de julho de 1892. O mesmo título foi atribuído a outras duas organizações bombeiris da América Latina: a Associação dos Bombeiros Voluntários de La Boca, de Buenos Aires, Argentina (fundada em 1884), e à Companhia Italiana de Bombeiros Voluntários Roma N⁰ 2, em Lima, Peru (criada em 1866).
Presenças
A entrega do título honorífico aos Bombeiros Voluntários de Joinville teve a presença do vice-presidente da Associação, Ivan Hudler, e dos demais vice-presidentes José Carlos Meinert, Marcos Luiz Krelling, Adelir Hercilio Alves, Dolores Carolina Tomaselli, Francisco Maurício Jáuregui, Georg Wigand Schmidt, Mário Zendron, Oscar Ricardo Hromatka, além do ex-presidente Felinto Koerber (gestão 1998-2002).
O comandante Jaekel Souza e o subcomandante voluntário, Jackson Seidel, representaram os bombeiros voluntários. O secretário da Agência de Desenvolvimento Regional (ADR Joinville), Volnei Francisco da Silva, representou o governador Eduardo Pinho Moreira. Estava presente, ainda, o superintendente do aeroporto de Joinville, Rones Rubens Heidemann.
A Embaixada dos Direitos Humanos ao Serviço da Humanidade do OIDH para o Brasil e América Latina esteve representada também pelo diretor-geral da Udesc Joinville, José Fernando Pasquali, e pela diretora de extensão, professora Cinara Menegazzo.
Sobre o CBVJ – Fundado em 13 de julho de 1892 é a mais antiga instituição do gênero do País. Presta serviços gratuitos à comunidade na prevenção e combate a incêndios; atendimento pré-hospitalar; resgate veicular, na montanha, aquático, vertical e em estruturas colapsadas.
É formado por 1.700 pessoas entre bombeiros voluntários, efetivos e do Programa Bombeiros Mirins, além de brigadistas e pessoal de apoio. Em 2017 contabilizou 133 mil horas de serviços gratuitos à comunidade, fez vistorias e análises de projetos de 133 milhões de metros quadrados e atendeu 6.607 ocorrências. É filiado à Organização de Bombeiros Americanos (OBA), segue os protocolos da USAID/OFDA e é parceiro da National Fire Protection Association (NFPA).
Sobre a OIDH – Organização independente, autônoma, apoiada pela Organização das Nações Unidas (ONU), com sede no Centro Cultural de Belém (CCB) em Lisboa, Portugal. Atua em todas as áreas sociais com o propósito de promover a paz no mundo e contribuir para a erradicação da extrema pobreza, além da defesa incessante da Declaração Universal dos Direitos do Homem. No Brasil é representado pela Udesc, desde outubro de 2017, tendo a professora doutora Jurema Belli como coordenadora-geral.
Sobre o Departamento Internacional de Bombeiros de Apoio à Paz Mundial do OIDH – Bombeiros do Mundo – Acolhe exclusivamente uma corporação de bombeiros por país. A sede mundial está instalada na Associação de Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande, Portugal – área geográfica onde ocorreu, em 2017, incêndios florestais que causaram 66 vítimas fatais.
Fotos: Mauro Artur Schlieck