Austeridade e inovação. Estes foram os substantivos mais citados pelos bombeiros voluntários para descrever a gestão do ex-presidente da Associação Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville no período de junho de 1998 a junho de 2002, Felinto Koerber. Os diretores, comando e bombeiros prestaram as últimas homenagens a ele nesta segunda (10 de outubro) durante o velório e enterro, no Cemitério Municipal. Felinto Koerber (nascido em 9 de setembro de 1937) faleceu domingo (9 de outubro de 2022) no Hospital Unimed, aos 85 anos.
Voluntários destacaram a gestão de Felinto Koerber como a que promoveu os maiores avanços no setor administrativo da Associação, renovação da frota e adoção de recursos tecnológicos
O empresário Felinto Koerber teve passagem destacada na Tigre; era sócio da Tecnoperfil Plásticos desde a sua criação, em 1994, e também integrava o Conselho Superior da Associação Empresarial de Joinville (Acij). Ele chegou à presidência da Associação dos bombeiros em um momento delicado, de fragilidade financeira. Contudo, em quatro anos de gestão, graças ao espírito austero, promoveu o saneamento das contas, a renovação da frota de veículos de emergência; a aquisição de equipamentos com novas tecnologias como desencarceradores e roupas para combate a incêndio importadas da Inglaterra; a implantação do sistema de gerenciamento de ocorrências Fibra; nova central telefônica e o projeto moto de combate a incêndio.
O ex-presidente da Associação, José Henrique Carneiro de Loyola, externou seu pesar em correspondência ao atual presidente, Moacir Thomazi. “É com muita tristeza que recebo a notícia do falecimento de Felinto Koerber, amigo de décadas, com quem compartilhava o entusiasmo pelo modelo do Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville, uma organização que tem a vocação de salvar vidas”, pontuou. Loyola observou que Felinto o sucedeu na presidência do CBVJ, quando precisou se ausentar para assumir outros compromissos na comunidade – e, com sua dedicação e espírito de liderança, foi responsável por importantes avanços na corporação. “Sem dúvidas, Joinville e o CBVJ perdem um grande homem, que nos fará muita falta.”
Dia a dia da corporação
“Seu Felinto era um homem de poucas palavras, mas de muita ação, preocupado sempre em dar boas condições para o operacional realizar atendimento de excelência à comunidade”, descreveu ex-comandante dos Bombeiros Voluntários no período de 1998 a 2006, Valmor Maliceski. O ex-comandante destaca, em especial, duas ações da gestão: a readequação da jornada de trabalho do operacional – o regime 12 horas de trabalho para 36 horas de descanso – e a criação do fundo para aquisição de autoescada reservando 10% da receita mensal – que resultou, na época, em um saldo de R$ 800 mil. “Eu o admirava pela sua capacidade de administrar e o respeito por todos da corporação.”
A cordialidade e a amizade também foram destacados pelo bombeiro voluntário e coordenador da Equipe Tradição, Márcio Renê Baumrucker. “Seu Felinto sempre foi um grande amigo dos bombeiros voluntários e um incentivador do modelo ‘bombeiro voluntário’, da Equipe Tradição”, disse. “Ele tinha um amor incondicional pela instituição bombeiro voluntário.”
O ex-comandante do CBVJ no período de junho de 2006 a fevereiro de 2015 e atualmente executivo da Associação dos Bombeiros Voluntários de Santa Catarina (Abvesc), Heitor Ribeiro Filho, recordou o rigor da gestão e sintonia do trabalho do então presidente com seu tesoureiro, Irineu Späth. “Um dos princípios daquela gestão era adquirir e manter somente o que era de fato necessário. Eles contornaram as deficiências de recursos, fizeram investimentos e ainda deixaram superávit no final do mandato.”
Para o bombeiro voluntário há 37 anos e coordenador do Centro de Atividades Técnicas (CAT), engenheiro Luciano Mendonça Seiler, o aprimoramento das escalas operacionais dos bombeiros “foi um gesto de coragem” daquela gestão e que foi bem sucedida porque o presidente Felinto estava cercado de pessoas que compartilhavam dos mesmos princípios e esforços. “A passagem do presidente Felinto pela corporação de Joinville foi discreta, porém, eficaz. Ele era assertivo nas ações e não fazia alardes,” recorda.
O jornalista e assessor de imprensa dos Bombeiros Voluntários naquele período, Ronaldo Correa, descreveu o ex-presidente como “uma pessoa sincera nas palavras, honesta nos princípios e justo, extremamente justo.” Ele recorda com detalhes, por exemplo, o processo de aquisição de três ambulâncias já no final da gestão de Felinto. “Lembro de uma situação curiosa, mas que revelou seu estilo austero, mas justo, de gestão de recurso público. Os bombeiros pediram a Esperidião Amim, então governador, ajuda para a compra de mais uma unidade de resgate. Amin liberou o dinheiro e algum tempo depois foi feita uma solenidade de entrega. No pátio, Amin surpreendeu-se porque, graças à mobilização da diretoria liderada por Felinto, eram entregues três unidades,” pontuou. “Joinville perde mais um líder, na essência da palavra.”