Caminhão tanque 07 é restaurado e vai para o Museu

A coleção de veículos de emergência, do acervo do Museu Nacional dos Bombeiros Voluntários, ganhou um novo equipamento. O caminhão Chevrolet, ano de fabricação 1959, registrado como 01-07, foi restaurado e já está em exposição. O veículo é da primeira geração de caminhões produzidos pela GM do Brasil e o que faz dele uma raridade é a adaptação para atividade de bombeiro. Com essa especificação estima-se que seja o único exemplar no país. 

Primeiro veículo de fabricação nacional adquirido pelos Bombeiros Voluntários de Joinville, compôs a frota de emergência entre 1960 e 1979 

 Ao chegar na corporação, em 1960, o veículo 07 ganhou carroceria equipada com tanque com capacidade para 5 mil litros de água e bomba centrífuga de 500 galões por minutos, além de conjunto baú com função de guardar materiais e, no convés, capacidade para acomodar guarnição com até oito bombeiros. Ele foi o primeiro auto bomba tanque adquirido pelos Bombeiros Voluntários de Joinville e permaneceu na linha de frente do combate a incêndio até 1979. Depois foi empregado em outras atividades, como combate a fogo em vegetação e treinamentos. Nos anos de emprego no CBVJ, rodou 66 mil quilômetros. 

O tanque 07 quando estava em uso (Foto: Acervo do Museu Nacional dos Bombeiros Voluntários/Divulgação/CBVJ)

 Segundo o vice-presidente da Associação Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville – que tem a restauração de automóveis como hobby -, Maurício Jáuregui, a recuperação do caminhão 07 iniciou em 2017 pela parte mecânica. Ele conta que depois de muitos anos sem uso, foi necessário fazer grande trabalho em todos os componentes do caminhão, começando pelo motor, que estava trancado (se recuperou o original), troca do tanque de combustível e recuperação total do sistema de freios, por exemplo, entre outros elementos para que estivesse em condições de rodar novamente com segurança. 

Somente quatro anos depois começou o processo de restauração da funilaria, pintura, busca pelos acessórios e demais elementos estéticos. Essa fase  demandou mão de obra de artesãos para fabricar peças de carroceria que não se encontram mais no mercado e, por fim, a parte elétrica e estofamento – que ainda está na fase final. Somente a recuperação do painel, conta, foram cinco meses até se conseguir deixar em funcionamento conforme era originalmente. “Fizemos tudo com muito cuidado, buscando peças originais e com baixo custo”, disse. 

Equipe Tradição junto ao 07 restaurado: Márcio Baumrucker (a partir da esq.), Romeu Dressel, Bento Maliceski e Edgard Seiler (Foto: Divulgação/CBVJ)

Histórias – Os integrantes da Equipe Tradição (os bombeiros com mais de 25 anos de contribuição ao CBVJ e que já deixaram a atividade operacional), resgatam memórias de combate a incêndios com o veículo. Márcio Baumrucker, chefe da equipe, conta que em um treinamento realizado às quartas-feiras à noite com os voluntários, testaram o alcance da bomba quando o Hotel Tannenhof ainda estava em construção – a edificação tem 13 pavimentos e 39 metros de altura. “Queríamos saber se a água alcançava o último andar do prédio”, recorda. 

Ele conta que, também, que o 07 foi bastante empregado no combate ao fogo nos anos 1977-78, durante a onda de incêndios criminosos que assolaram Joinville. Já Romeu Dressel, bombeiros com 64 anos de atividade nos Bombeiros Voluntários de Joinville, via a chegada do caminhão tanque à corporação e, agora, se diz orgulhoso pela restauração. “Nos traz saudades do nosso passado, muito bonito. É uma alegria.” 

Acervo – Também fazem parte da coleção de veículos, do Museu Nacional dos Bombeiros Voluntários, o Chevrolet (01-01), o primeiro veículo da corporação, adquirido em 1926; a auto escada mecânica montada sobre chassi Magirus-Deutz (01-19), fabricada em 1956 e doada pelo Governo do Estado para a corporação em 1985; a auto escada mecânica Metz montada sobre chassi Mercedes Benz (01-27), fabricada em1967, e doada para o CBVJ pelo Governo de São Paulo em 1992 durante os festejos do primeiro centenário dos Bombeiros Voluntários de Joinville; e, por fim, o veículo chamado carinhosamente de Carioquinha (sem registros), doado pelo Governo do Estado da Guanabara em 1964 – este veículo está em fase de restauração.