O quarteto da Liga dos Bombeiros Voluntários de Joinville está nas escolas, bibliotecas, hospitais, empresas e em órgãos públicos orientando sobre prevenção de incêndio e acidentes de trânsito. O comandante Max; o chefe Rocha; a socorrista Vitória e o aspirante Davi são os personagens do gibi dos bombeiros que ganharam vida em maio do ano passado no traço marcante dos Irmãos Feitosa.
Agora, quem gosta de quadrinhos tem uma chance única de saber mais sobre a arte, o processo de concepção dos personagens e conversar com Eduardo e Alexandre Feitosa. Reconhecidos pelos murais em grafite, os Irmãos Feitosa vão contar mais sobre o gibi Liga dos Bombeiros Voluntários de Joinville, falar sobre ilustrações e mercado na Feira do Livro de Joinville, que ocorre de 8 a 18 deste mês no Expocentro Edmundo Dowbrava. O painel com os Irmãos Feitosa será domingo (11) a partir das 15h.
A primeira edição da Liga dos Bombeiros Voluntários de Joinville foi lançada em maio do ano passado. Em 20 páginas, o episódio “Um resgate emocionante” orienta sobre prevenção de incêndio em ambiente doméstico. Já a edição número 2, que foi distribuída em setembro passado, traz a história “Pressa e trânsito não combinam”.
O terceiro exemplar do gibi já está no prelo e será lançado no dia 14 de julho, na programação dos 125 anos do Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville. Nele, o aspirante Davi viaja no tempo para contar a história da corporação.
Resgate histórico
A edição especial de aniversário dos Bombeiros Voluntários de Joinville é o segundo trabalho de resgate de memória feito pelos quadrinhistas. Apaixonados pelo Santos Futebol Clube, em 2012 criaram um gibi em comemoração ao centenário do time da baixada santista. A narrativa foi centrada em Camarão e Siriri, personagens da vida real, irmãos e jogadores destaques na Vila Belmiro na década de 1920.
Já no processo de criação da edição histórica da Liga dos Bombeiros Voluntários de Joinville, a pesquisa foi um processo mais intenso. Envolveu a GDI, agência que responde pela criação e produção da revistinha, e a corporação, por meio da curadoria do Museu Nacional do Bombeiro.
Os Feitosa contam que a experiência com histórias em quadrinhos ganhou impulso a partir do convite do também quadrinhista Chico Lam para integrar o Catacomics, projeto que tem o propósito de valorizar a cultura de apreciação de HQs, bem como divulgar o trabalho e projetar coletivamente artistas como ilustradores, desenhistas, designers e roteiristas do Estado.
Viver da arte
Eduardo, designer de produtos, e Alexandre, designer gráfico, são naturais de São Paulo (SP) e estão radicados em Joinville desde 2003. O gosto pelo desenho se manifestou cedo, então, a opção pelo design pareceu um caminho natural (ambos são formados pela Univille). “Sempre desenhamos, mas não sabíamos como viver disso”, resume Eduardo.
Inseridos no contexto da arte urbana, os Feitosa costumavam intercalar grafite com o trabalho de “carteira assinada”, afinal, pagar as contas é preciso, bem diz Eduardo. A grande reviravolta na carreira ocorreu em 2012, quando participaram de dois movimentos.
No primeiro, ainda ligado ao centenário do Santos Futebol Clube, integraram o coletivo de artistas que estampou os 3 mil metros quadrados do muro do CT Rei Pelé. Coordenados pelo artista plástico Paulo Consentino, consumiram 1.500 latas de spray, 70 latas de tinta e 600 quilos de papel em forma de estêncil para produzir uma galeria de grandes campeões.
Depois, caíram no gosto do mercado local ao participar do Encontro das Ruas, evento que reúne expressões da arte urbana (dança de rua e grafite) durante o Festival de Dança de Joinville. Também num coletivo, deixaram sua marca nos muros do Clube América.
Mas viver única e exclusivamente da arte é uma condição recente, uma consequência da “crise econômica”. Em 2014 se viram desempregados, daí, munidos de muita coragem, apostaram no dom e na técnica e partiram em busca da profissionalização. “Eu sabia que tinha talento, mas achava que alguém iria investir em mim. Mas não foi assim, eu tive que investir”, conta Eduardo.
Desde então, os convites que surgiram foram abraçados com um novo olhar, como profissionais. E deu certo! A assinatura dos dois está em murais e painéis em Joinville e Jaraguá; no desenvolvimento de marcas e, mais recentemente, em produtos licenciados.
As primeiras experiências com licenciados foram apostas de empresas de Joinville, sinal de que santo de casa faz milagre, sim! Os Feitosa assinaram uma das oito coleções de latinhas comemorativas aos 10 anos da Billa, fabricante de palitos mentolados. Um grafite dos gêmeos também estampa as embalagens da Ômega Tintas e Revestimentos.
Aprimorar o traço
Alexandre atribui o sucesso de ambos ao momento especial que vive o mercado, que busca arte alternativa. Em alguns momentos até ficaram surpresos com a credibilidade que conseguiram junto a empresários.
Embora o nome Feitosa já tenha saído do anonimato, os irmãos contam que ainda estão na fase de “descoberta”. É preciso um amadurecimento da técnica para que sejam reconhecidos pelo traço, explica Eduardo.
A inspiração (e a admiração) vem de nomes consagrados no universo do desenho e quadrinhos, como o cartunista Ziraldo, o artista plástico Juarez Machado e o quadrinhista Mauricio de Sousa.