O prédio histórico do Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville (CBVJ) está passando pela segunda fase da reforma para recuperação das características arquitetônicas originais. A primeira fase foi concluída no primeiro semestre do ano passado que compreendeu a restauração da torre onde ficou, por muitos anos, instalada a sirene de aviso de incêndio.
Nesta fase as obras vão de concentrar piso térreo da ala esquerda do prédio (vista da rua Jaguaruna) com remodelação do espaço para abrigar a recepção, salas do comando e reuniões, e do Centro de Atividades Técnicas (CAT). A maior intervenção será a restauração da cobertura entre a torre e o corpo principal do prédio, resgatando seu visual e função original. Neste processo, serão retiradas a cobertura de fibrocimento, duas janelas e a parede até a altura do guarda corpo, retornando o uso do espaço como um terraço descoberto.
“O propósito, além de preservar a memória do prédio histórico, é fazer a conservação do imóvel e dar uso sustentável a ele”, diz o engenheiro responsável pelo projeto e vice-presidente da Associação Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville, Francisco Mauricio Jáuregui. O projeto e a execução estão a cargo da Adobe Engenharia e é realizada a preço de custo para o Corpo de Bombeiros Voluntários. A mesma empresa foi responsável pela restauração da torre no ano passado.
O cronograma prevê quatro meses de obras. Os recursos são provenientes do termo de fomento com o governo do Estado que permite a manutenção dos equipamentos e estrutura das unidades de bombeiros voluntários do Estado. Já a recuperação do terraço faz parte do Projeto Sirene da Memória, patrocinado pelo Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec).
A completa restauração do prédio histórico do CBVJ ainda prevê outras duas etapas: a readequação da área do museu com ampliação para o segundo piso e, por fim, a instalação de uma área de convivência. “A intenção é transformar o complexo em um ponto turístico. O trabalho de remodelação vai se estender também para as demais unidades da corporação”, diz o secretário executivo da Associação, Matheus Cadorin.
Um marco no ciclo de revitalização
O prédio ocupado até agosto do ano passado pelo operacional do Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville é o marco do primeiro ciclo de revitalização da corporação. Em 1952, ao chegar aos 60 anos, os bombeiros enfrentaram a maior crise da sua história, conta o historiador Apolinário Ternes no livro “Voluntários do Imprevisível”.
No momento de crise surge a figure do empresário Walter Hermann Meyer que, juntamente com um grupo de amigos, promoveu uma “intervenção branca”. Foi instituída, então, a Sociedade Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville responsável pela gestão financeira. Na presidência da Sociedade, Meyer desencadeou um processo de revitalização e propôs a construção de uma nova sede e quartel.
Sob a batuta de Meyer os bombeiros viveram um novo tempo. Em 1954 foi lançada a pedra fundamental para a construção no mesmo terreno onde estava a primeira sede (datada de 1913). O prédio foi erguido pela Construtora Koentop sob o comando do construtor Herbert Hoephener.
A inauguração ocorreu em 14 de julho de 1956 com a presença do governador Jorge Lacerda, seguida de um baile na Sociedade Harmonia-Lyra nas comemorações pelos 64 anos da entidade.