A campanha de nacionalização, deflagrada 1937, e que seguiu até o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, impactou com singular energia Joinville, cidade fundada por imigrantes germânicos que chegaram na então Colônia Dona Francisca em 1851. O Corpo de Bombeiros Voluntários foi a única instituição característica da cultura alemã, que se tem conhecimento, que preservou seus documentos escritos em alemão. Coube a Eugen Lepper comandar os “soldados do fogo” neste período conturbado da história.
O programa de nacionalização obrigou a Sociedade a:
– Eleger novo conselho administrativo, com dois terços de brasileiros natos e admitir um representante do comando da 5ª Região Militar, sediada em Curitiba;
– Reformular os estatutos para adequá-los ao decreto 383, que veda a estrangeiros a atividade política no Brasil;
– Modificar o costume de usar – para ler e escrever – a língua habitual de outro idioma que não fosse o pátrio.
Sendo assim, no dia 23 de fevereiro de 1938, os Bombeiros Voluntários de Joinville registraram a última ata em alemão, a língua dos pioneiros e a “oficial” entre os bombeiros voluntários nos 46 anos de existência!
Ao fim da segunda guerra mundial, os Bombeiros Voluntários decidiram alterar um dos seus símbolos mais importantes, a bandeira, peça que já não estava mais em uso de 1938. O manto vermelho trazia ao centro o brasão e, sob um capacete, machadinha e rolo de cordas, estavam os dois FF, iniciais da expressão Freiwillige Feuerwehr. O símbolo máximo da Sociedade foi substituído pelo brasão do município e a inscrição “Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville”. Esta bandeira foi usada de 1945 até 1991.
A bandeira original foi resgatada somente 54 anos depois, na comemoração do primeiro centenário da corporação, em 1992. Nesta ocasião, por iniciativa do vice-presidente \e diretor do Museu dos Bombeiros Voluntários, Norberto Rost, o fundo vermelho da bandeira recebeu oito estrelas à direita do brasão, representando as unidades descentralizadas existentes na época, e mais uma estrela grande à esquerda, representando a Unidade Central (a da rua Jaguaruna). Também foi incorporada a inscrição em português “Bombeiros Voluntários” acima do brasão e, Joinville, abaixo.
Dolores Carolina Tomaselli
Historiadora Diretora do Museu dos Bombeiros